CASA


O importante não é a casa onde moramos. Mas onde, em nós, a casa mora.

Avô Mariano

Personagem do livro "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra", do escritor moçambicano Mia Couto.

Foto: Leticia (minha nova casa)

CIDADE

Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes, e não vejo
Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.

Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes.

Sophia de Mello Breyner Andresen
(1944)

Aniversário


No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)

Foto: Na casa da árvore.../Tiago & Letícia

Porque a beleza do mundo...


está na DIVERSIDADE CULTURAL!

Foto: Pizzaria Kosher da Rue des Rosiers (Marais) - Paris/Tiago Martins

Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação
para estação,
no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as
praças,
sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como,
afinal, as
paisagens são.

Se imagino, vejo. Que mais faço eu se viajo? Só a fraqueza extrema da
imaginação justifica
que se tenha que deslocar para sentir.

"Qualquer estrada, esta mesma estrada de Entepfuhl, te levará até ao fim do
mundo".
Mas o fim do mundo, desde que o mundo se consumou dando-lhe a volta, é o
mesmo Entepfuhl de onde se partiu. Na realidade, o fim do mundo, como o
principio, é o nosso conceito do mundo.
É em nós que as paisagens tem paisagem. Por isso, se as imagino, as crio;
se as crio, são; se são, vejo-as como ás outras. Para que viajar? Em Madrid,
em Berlim, na Pérsia, na China, nos Pólos ambos, onde estaria eu senão em
mim mesmo, e no tipo e gênero das minhas sensações?

A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não
é o que vemos, senão o que somos.

Fernando Pessoa

Perdemos Silvio Coelho dos Santos...

Conheci o trabalho do antropólogo Silvio Coelho dos Santos quando, aos 13 ou 14 anos, li um "velho" livro de História de Santa Catarina que minha mãe guardava desde seus tempos de estudante de Ciências Sociais, na estante lá de casa. Digo "velho" e utilizo as aspas porque usei o "bendito" para fazer muitos trabalhos de "Integração Social" durante o colégio e, em 2006, 30 e poucos anos após minha mãe tê-lo comprado, a ele recorri para estudar pro vestibular de História da UDESC... Hoje, é verdade, numa nova edição (onde as alterações referem-se basicamente aos dados estatísticos sobre a população catarinense), o livro continua aí, firme e forte, tão gostoso de se ler como antigamente! De "velho" não tem nada...
Eu soube agora,daqui da França e com dois dias de atraso, que o Professor faleceu neste domingo de eleições, dia 26 de outubro. A última vez em que o vi (e a primeira vez em que o vi pessoalmente!), foi em 2005, quando ele participou da banca examinadora da dissertação intitulada Política energética, sustentabilidade e direito: licenciamento ambiental de usinas hidrelétricas no Estado de Santa Catarina, de autoria da amiga Ana Carolina Casagrande Nogueira. Nesta ocasião, o professor nos falou das populações indíginas que, em Santa Catarina e em todo o Brasil, têm sido dizimadas e perdido sua (pouca e improdutiva, mas SUA) terra para a construção de barragens/ de usinas hidrelétricas.
Morreu cedo, aos 70 anos. Mas seus escritos e sua atuação ficam aí, a nos servir de exemplo. E, falando em exemplo, aqui vai um trecho da última entrevista concedida pelo Professor Silvio à Agência de Comunicação da UFSC (AGECOM). Nela, o Antropológo nos fala sobre leitura e sobre o prazer de ler:

"Quais foram as suas primeiras leituras e que lembranças guardou delas?
Sílvio Coelho dos Santos – Minhas leituras iniciais foram os gibis, seguidos pelos livros de aventuras, como os da coleção Terramarear, Tarzan e outros neste gênero. Nos fins de semana, trocava gibis com os amigos no cinema, velha prática entre a criançada. Mesmo numa casa de poucos livros, era estimulado a ler pela mãe. No quinto ano primário, fui escolhido para redigir o jornalzinho do colégio (G. E. Dias Velho), e nessa função tinha contato freqüente com o diretor da Imprensa Oficial do Estado, que funcionava na rua Tenente Silveira. Lá, eu e meus colegas ganhávamos muitos livros. Era uma época de declamações, de leituras de Monteiro Lobato, e esse ambiente – e o seguinte, no ginásio – estimulou meu contato com a área de Ciências Humanas, que acabei abraçando mais tarde.

A opção pela antropologia ajudou ou inibiu um contato mais íntimo com a literatura?
Sílvio – Sempre li muito, mas das aventuras dos livros passei para a aventura das expedições antropológicas, das pesquisas de campo. Minhas leituras, por razões óbvias, tenderam para a área da antropologia, e quando lia textos mais leves, para me distrair, optava por uma literatura mais comprometida socialmente. Foi assim que devorei os livros da primeira fase de Jorge Amado, quando este tinha uma postura crítica e era filiado ao Partido Comunista. Um de meus gurus é Darcy Ribeiro, que sempre praticou uma linha mais aberta na antropologia, em sua tentativa de interpretar o Brasil.

Falando em literatura, quais são seus autores prediletos?
Sílvio – Na literatura brasileira, gosto dos clássicos, como Guimarães Rosa, e em Santa Catarina busquei textos que me mostrassem o lugar que eu estava pisando, o que ocorre até hoje. Também leio os amigos, como Almiro Caldeira, morto no ano passado, do qual a EdUFSC vai lançar no próximo dia 6 (de setembro) o romance O lume da madrugada. Outro tema que sempre me atraiu foi o do Contestado, por meio de autores como Maurício Vinhas de Queiroz, que é excepcional, e Guido Wilmar Sassi, um dos melhores do Estado na área da ficção. Há pouco, li Paulo Pinheiro Machado, que organizou um volume com leituras contemporâneas do episódio do Contestado. Também acabei de ler 13 Cascaes, com contos de autores catarinenses sobre a vida e obra do folclorista Franklin Cascaes.

Qual foi a maior lição que tirou de sua militância na antropologia?
Sílvio – Vivemos numa sociedade colonialista, violenta e que não respeita os que são desprovidos de recursos econômicos e representação política. Se a população negra é tradicionalmente desprestigiada e nunca se liberta, com os índios é pior ainda. Um exemplo de intransigência são as resistências às políticas de ações afirmativas dentro da própria universidade. Como somos uma extensão da sociedade, é possível ter assim uma dimensão do problema. Lembro-me de que nos anos 40 a Ilha de Santa Catarina era mais solidária. Na época, os açorianos tradicionais que pescavam tainhas sempre mandavam às viúvas e às famílias pobres o seu quinhão de peixe. Hoje, isso não existe mais. Quem sai da universidade, por exemplo, pensa somente na carreira e no dinheiro que vai ganhar, sem qualquer compromisso social"

Fonte: o texto da entrevista está disponível no site da AGECOM: http://www.agecom.ufsc.br/index.php?id=7928&url=ufsc, em matéria intitulada Solidário com as minorias, do dia 28 outubro 2008.

Exposição na Normandia


Querido amigo polonês e pintor dos bons, mestre em Arte Italiana e vencedor de um dos Salons da Mairie de Paris, Michal Litvin expõe algumas das suas telas em Hérouville Saint Clair, na Normandia...
O Michal também tem um site com reproduções de seus óleos, acrílicos e desenhos: http://litvin.awardspace.com/

Foto: Divulgação Michal Litvin

Bicicletada


Modernização, motorização: o ronco dos motores não permite que se ouçam as vozes denunciatias do artifício de uma civilização que te rouba a liberdade para depois te vender e que te corta as pernas para depois te obrigar a comprar automóveis e aparelhos de ginástica. Impõem-se ao mundo, como único modelo possível de vida, o pesadelo de cidades onde os carros governam.
Eduardo Galeano.
De pernas para o ar: a escola do mundo ao avesso.


Bicicletada é um movimento que acontece em várias cidades do mundo para reivindicar o espaço dos ciclistas nos centros urbanos e divulgar a bicicleta como meio de transporte. Conheça:www.biciletada.org

A Bicicletada Floripa tem ocorrido em toda última sexta-feira do mês. A concentração começa às 18h, em frente à Concha Acústica e ao prédio do CCE/Básico da UFSC. A saída ocorre em torno das 19h em percurso escolhido na hora pelos participantes.

Próxima Bicicletada Floripa: 31 de outubro(Bicicletada de 6 Anos de Aniversário no Dia das Bruxas)


Foto: A magrela "galega" de Amsterdã/ Tiago Martins

Os amantes das CIDADES (Florianópolis, Paris, Porto Alegre, Cairo, Beirute...), devem visitar o blog MANGIBRE: o cotidiano urbano reinventado.
Verdadeira declaração de amor aos espaços onde construimos nossa existência!
Um carrinho de pipoca, uma passarela, uma pracinha... imagens do cotidiano, dos lugares que, quase sempre, esquecemos de (ou seria "nos negamos a"?) admirar.

Para acessar o blog:http://www.mangibre.blogspot.com/
Foto: Amsterdam e o fusca vermelho/ Tiago Martins

Picasso


Quem estiver em Paris nos próximos meses poderá conferir a exposição Picasso e os Mestres (Picasso et les Maîtres), nas Galerias Nacionais do Grand Palais. É uma oportunidade única para apreciar obras de Picasso ao lado de telas como a Maja Desnuda, de Goya, ou L'Enlèvement des Sabines, de Poussin. O fio condutor da mostra é o diálogo entre as obras do pintor catalão com os chefs-d'oeuvres de diversos artistas -do Clacissismo de Ingres ao Neo-Impressionismo de Signac- que o influenciaram durante sua carreira.
Onde: Galeries Nationales du Grand Palais
3, avenue du général-Eisenhower
75008 Paris
Quando: de 8/10/2008 à 02/02/2009
Texto: Tiago Martins
Foto: Grand Palais/ Tiago Martins

Lisboa


Acordar na cidade de Lisboa (com as suas casas de diversas cores) numa casa linda e tranqüila da Lisboa de agora, jardim ao lado do Jardim Botânico no silêncio do sol, andar uns metros e estar no meio das plantas do Príncipe Real pairando no aquário-bar, um copo de café com leite e bolos embalados por verdes calmos, 10h20 de Lisboa em fevereiro cálido, é certamente um crime se não compartilha. E não havia olhos para olhar. Não havia uma boca para beijar. Eu preferia isso, Beijar uma boca que continuasse calada, outro ser silencioso que me acompanhasse como um lagarto recém –lavado, estourando de fruição nos lábios, conformados os dois a nunca mais querer agir e morrer assim cansados, do êxtase de ter chegado a uma fronteira de beleza da qual só faz sentido recuar para saber como foi agudo o prazer, e recordar para viver dessa recordação muito tempo. Um crime, tanto prazer sozinho.
Periferias, Carlos Quiroga.

Para sentir a alma da cidade: Miradouro da Graça, junto a Igreja da Graça. De la, pode-se apreciar o Castelo de S. Jorge, a Mouraria, o Martim Moniz, a Baixa Pombalina, o Convento do Carmo e a Ponte 25 de abril.

Como chegar:http://jardinsdigitais.cm-lisboa.pt/index.php?id=1152

Foto: Lisboa/ Tiago Martins

Para quem está em Desterro!!

O Projeto Cinema Falado, do Museu Victor Meirelles, apresenta os seguintes filmes:

30/10 - O Estranho Mundo de Jack – animação – Tim Burton – EUA/1993
Mediador: Henrique Oliveira - prof. História da Arte do Curso de Cinema da UFSC

13/11 - Bom Dia - Yasujiro Ozu – JAP/1959
Mediador: Fernando C. Boppré - historiador e produtor cultural

Mais informações:
Museu Victor Meirelles
Rua Victor Meirelles, 59
CEP: 88010-440 Florianópolis - SC
Fone/Fax: (048) 3222-0692
E-mail: museu.victor.meirelles@iphan.gov.br

Fonte: site do Museu Victor Meirelles - http://www.museuvictormeirelles.org.br/agenda/cinema_falado/cinema_falado_programa.htm

Ce (et ceux) qui nous manquent...


"[...]
a saudade
é prego parafuso
quanto mais aperta
tanto mais difícil arrancar
[...]"
(Letra da música Brigitte Bardot, de Zeca Baleiro)
Foto: Casinha em Santo Antônio de Lisboa/ Tiago Martins.

Qui Fait Gémir La Terre


Lors d'une manifestation du Mouvement des Sans Terre, à Porto Alegre, un paysan tua d'un coup de serpe un soldat. Charles Kiefer sut comme personne raconter l'envers possible de cette tragédie. Issu de la population rurale d'origine germanique qui émigra au Brésil à la fin du dix-neuvième siècle, et dont une partie peuple aujourd'hui les campements des Sans Terre, il dépeignit, avec art et sensibilité, mais aussi un regard éminemment esthétique, leur univers.
Auteur : Charles Kiefer
Editeur : Harmattan
Collection : L'Autre Amerique
Date de parution : 2003
EAN13 : 9782747544924
Genre : LITTERATURE HISPANO-PORTUGAISE
Langue : français

54° Feira do Livro de Porto Alegre


De 31 de outubro a 16 de novembro de 2008

A Feira do Livro de Porto Alegre é uma das mais antigas do País. Sua primeira edição ocorreu em 1955 e seu idealizador foi o jornalista Say Marques, diretor-secretário do Diário de Notícias. Inspirado por uma feira que visitara na Cinelândia no Rio de Janeiro, Marques convenceu livreiros e editores da cidade a participarem do evento.

O objetivo era popularizar o livro, movimentando o mercado e oferecendo descontos atrativos. Na época, as livrarias eram consideradas elitistas. Por esse motivo, o lema dos fundadores da primeira Feira do Livro foi: Se o povo não vem à livraria, vamos levar a livraria ao povo.

A Praça da Alfândega era um local muito movimentado na Porto Alegre dos anos 50 e de 400 mil habitantes. E, no dia 16 de novembro de 1955, era inaugurada a 1ª Feira do Livro, com 14 barracas de madeira instaladas em torno do monumento ao General Osório.

Na segunda edição do evento, iniciaram as sessões de autógrafos. Na terceira, passaram a ser vendidas coleções pelo sistema de crediário. Nos anos 70, a Feira assumiu o status de evento popular, com o início da programação cultural. A partir de 1980, foi admitida a venda de livros usados. E, na década de 90, conquistou grandes patrocinadores, estimulados pelas leis nacional e estadual de incentivo à cultura.

A infra-estrutura foi ampliada e modernizada, os eventos culturais se consolidaram e a Feira passou a receber grandes nomes do mercado editorial brasileiro e internacional.
Fonte: http://www.feiradolivro-poa.com.br/feira.php

Patrono da 54° Feira do Livro: Charles Kiefer (http://www.charleskiefer.com.br/index.html)

Ramilonga, Vitor Ramil


Chove na tarde fria de Porto Alegre
Trago sozinho o verde do chimarrão
Olho o cotidiano, sei que vou embora
Nunca mais, nunca mais

Chega em ondas a música da cidade
Também eu me transformo numa canção
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí

Ramilonga, Ramilonga

Sobrevôo os telhados da Bela Vista
Na Chácara das Pedras vou me perder
Noites no Rio Branco, tardes no Bom Fim
Nunca mais, nunca mais

O trânsito em transe intenso antecipa a noite
Riscando estrelas no bronze do temporal
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí

Ramilonga, Ramilonga

O tango dos guarda-chuvas na Praça XV
Confere elegância ao passo da multidão
Triste lambe-lambe, aquém e além do tempo
Nunca mais, nunca mais

Do alto da torre a água do rio é limpa
Guaíba deserto, barcos que não estão
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí

Ramilonga, Ramilonga

Ruas molhadas, ruas da flor lilás
Ruas de um anarquista noturno
Ruas do Armando, ruas do Quintana
Nunca mais, nunca mais

Do Alto da Bronze eu vou pra Cidade Baixa
Depois as estradas, praias e morros
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí

Ramilonga, Ramilonga

Vaga visão viajo e antevejo a inveja
De quem descobrir a forma com que me fui
Ares de milonga sobre Porto Alegre
Nada mais, nada mais

Centenário de Franklin Cascaes


Treze raio tem o sóli
treze raio tem a lua
Sarta Diabo prô inferno
questa alma não é tua.
Tosca marosca
Rabo de rosca
vassoura na tua mão
relho na tua bunda
e agulhão nos teus pés
Por riba do silvado
e por debaixo do telhado
São Pedro, São Paulo, São Fontista
por riba da casa São João Batista
Bruxa tatará-bruxa
tu não me entre nesta casa
nem nesta comarca toda
Por todos os santos dos santos, Amém.

(Reza do livro O Fantástico na Ilha de Santa Catarina ,de Franklin Cascaes)

Leia a reportagem intitulada UFSC lembra aniversário de Franklin Cascaes, de Cláudia Schaun Reis, Jornalista na Agecom, disponível em: http://www.agecom.ufsc.br/index.php?id=7792&url=ufsc

VISITE O MUSEU UNIVERSITÁRIO DA UFSC (http://www.museu.ufsc.br) para conhecer as obras de Franklin Cascaes e leia O FANTÁSTICO NA ILHA DE SANTA CATARINA (volumes I e II), que traz os "causos" recolhidos por Cascaes (www.edufsc.com.br).

Foto: Casarão da Freguesia do Ribeirão da Ilha - Florianópolis/Tiago Martins

São Miguel das Missões


"Los indios de dichos siete pueblos son verdaderos, absolutos y legítimos dueños de sus pueblos que con sus manos han fabricado, de sus bienes raíces, fruto de su trabajo y industria y de sus tierras nativas, en que fueran hallados y que a vista de españoles y portugueses poseen por más de ciento y treinta años, que son cristianos" (Trecho da carta escrita pelos missionários das Reduções ao Padre Francisco Rábago, confessor do Rei de Espanha, após terem recebido, em dezembro de 1751, orientação da Companhia de Jesus de não contrariar o Tratado de Madrid e incentivar a transladação dos povoados).

Foto: São Miguel das Missões/Tiago Martins

Buena Vista: o recanto dos queridos amigos Miguel e Javier


O paraíso tem nome: Moradas Buena Vista! E nem fica tão longe assim: praia da Ferrugem, em Garopaba - SC - Brasil!!... O Lugar é tão especial, que até as baleias francas aparecem por aqui nos meses de julho a setembro!

Mais informações no site: http://www.vivagaropaba.com.br/moradasbuenavista.htm
Foto: Um domingo de sol na Buena Vista/Tiago Martins & Letícia Albuquerque